Vago entre os gritos de um mundo insano.
Assim aturdido, com a ressaca das vozes.
No íntimo, pergunto se há valor humano,
Algum que sobreviva às bocas ferozes.
"Não há", sopra-me ao ouvido um ar cerebral,
"Tudo está tomado por matilhas de vilões,
Cada gentileza corrompida por algum mal,
Todo amor negociado à mesa de vendilhões."
Já prestes a sucumbir, suspiro uma prece
Vinda do mistério de uma vida além desta.
Qual brasa de Prometeu se eleva e cresce,
Dilatando-me o coração que no peito resta.
Não quero o brilho daqueles deuses mortais,
que do alto das cátedras oráculos derramam
ácidos sobre os corações simples. Não mais!
Vinde, ó fogo, pai dos pobres! Em mim aflorai!
Quero a voz do Mestre, que m'estenda a mão.
E diga-me: "Fiat!", e lhe direi: "Abba! Pai".
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