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Mostrando postagens de 2016

Meditação quaresmal

Meditação para a Quaresma: a sede de amor e a solidão no mundo T odos já ouvimos alguém dizer que o amor de outra pessoa é necessário à nossa felicidade. De fato, ou ao menos parece ser verdade, que sozinhos não podemos ser felizes. Mas, quando pensamos nesse assunto, tendemos a julgar que "estar só" significa não ter ninguém por perto, se bem que, no fundo, no fundo, o que acontece é que, deste lado, estamos nós com o anseio de "ser alguém para alguém"   —   ainda que seja qualquer um  —  e, de outro, está a vastidão de um universo que não mostra muito interesse nisso. Até temos amigos  — o leitor pode dizer em sua defesa que os têm muitos. Talvez até estejamos em um namoro, em um casamento. Mas quem pode dizer, com segurança e honestidade, que não se sente só? Mesmo o Senhor sentiu-se sozinho no Horto das Oliveiras, deixado pelos apóstolos, e no alto da cruz, abandonado pelo próprio Deus! "Pai, por que me abandonastes?". Somos, assim, tentados a cre

Precisamos de vida intelectual

     O problema do Brasil são os brasileiros — quem nunca ouviu essa queixa? Ela não fala das pessoas, precisamente, mas de certos hábitos seus, que melhor podem ser designados como vícios, e um deles, o mais grave na minha opinião, é a preguiça intelectual. Certa vez, ouvi de um senhor, com seus quase sessenta anos, a confissão de que não lia há muito tempo, desde a conclusão do ensino superior, se não lhe falhasse a memória. Muito bem, a lembrança do que fez, ou do que deixou de fazer, podia não lhe falhar, mas não se podia observar naquele momento, também, nenhuma outra habilidade intelectual que não fosse essa, a de não se esquecer. Mas e a leitura? E o cultivo da imaginação? E a descoberta de novas ideias? E a maturação das suas próprias no confronto com debates, ensaios, tratados, que fossem artigos de opinião em uma revista sensacionalista? Nada. Ele me assegurou que não lia nem uma página de jornal, em quase quarenta anos. Fiquei atônito: o