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Mostrando postagens de 2018

Intellectual production 2009-2017

T HIS IS MY PERSONAL BLOG, in which I publish some texts about books I am reading, movies I liked or any other suject of my interest. But for those who would like to know a bit more about my work as a philosopher, here I present some of the essays and papers I published. They are mostly in Portuguese for obvious reasons, but I promise there will be some in English and in other languages—help me God in this project. Enjoy the reading, and feel free to contact me, raising questions, making remarks or proposing new topics for philosophical reflection. Dissertation (Master Degree): MONTEIRO, M. H. G. The reality of the possibles according to Thomas Aquinas . Dissertation. Institute of Philosophy and Human Sciences, UNICAMP. Campinas, Brazil: 2014. 123 p.  Access: here . Chapter in Books: (1) MONTEIRO, M. H. G. The reception of contra Proclum in sixteenth century. In: ÉVORA, F. R. R.; MONTEIRO, M. H. G. (orgs.). Ancient Philosophy and its Reception in Early Modern Philosophy .

Por que ler "Against the Pollution of the I", de Jacques Lusseyrand?

     Soube deste livro quando tive de pesquisar sobre pessoas que, mesmo tendo algum tipo de deficiência, se destacaram na história por suas conquistas. Para minha grande satisfação encontrei muitíssimos exemplos de superação e sucesso, e dentre eles o que mais me chamou a atenção foi este escritor do século XX, professor de literatura, membro e um dos líderes da Resistência francesa à invasão nazista, prisioneiro no campo de concentração de Buchenwald, um dos trinta sobreviventes franceses — entre milhares de mortos pelo regime de Hitler — e cego desde os sete anos.      O livro Against the Pollution of the I (em tradução livre,  Contra a poluição do eu ) reúne vários de seus textos, escritos originalmente para diferentes publicações, alguns inclusive com narração de suas experiências na guerra¹. Essa coletânea revela, porém, uma busca contínua na vida de Jacques Lusseyran: aproveitar o sofrimento e as próprias limitações para atentar-se àquelas coisas que, no conforto ou na agita

Por que precisamos de bons escritores?

     Em publicação recente¹, o crítico literário Rodrigo Gurgel comentou o livro Safra , de Abguar Bastos. A análise do professor nesta e em outras plataformas é sempre muito proveitosa para mim, uma vez que, para quem não o sabe ainda, Gurgel tem o projeto de percorrer os autores brasileiros do fim do século XIX em diante, examinando individualmente suas virtudes literárias e, no âmbito mais geral, qual é a contribuição de cada um para a formação da literatura nacional². Ler essas análises está me ajudando a fixar raízes na história do meu país e, ao mesmo tempo, está me fazendo pensar sobre meus esforços de leitor e escritor.       Na referida publicação sobre Abguar Bastos, por exemplo, Gurgel menciona uma sentença de Manuel Bandeira a respeito dos escritores brasileiros: Sobra-lhes imaginação, falta-lhes fantasia. O que isso quer dizer? Entendendo-se por imaginação "a aptidão de reproduzir no espírito as sensações" e por fantasia "a capacidade de organizar as imag

Por que assistir a "Arrival", de Denis Villeneuve?

     Minha intenção era escrever sobre este filme depois de ler o conto "História da sua vida", de Ted Chiang, no qual o roteiro se inspirou. Porém, após alguma meditação, decidi que seria melhor avaliar a obra cinematográfica do diretor Denis Villeneuve em seu próprio formato e realidade, já que provavelmente este é o produto com mais chances de difusão no Brasil. Para compôr este texto, evitei me apoiar em outras publicações da internet, o que não quer dizer que eu não tenha lido algumas. No geral, fiquei decepcionado com o tipo de recepção que o filme teve entre os interessados em cinema, pois a qualidade das análises, mesmo quando positivas, era muito superficial. A culpa deve ser minha, do meu apego aos símbolos e a quase completa ignorância dos aspectos técnicos. É verdade que "luz, câmera e ação" podem ser elementos fascinantes para críticos de cinema ou aspirantes à carreira na sétima arte, mas tenho minhas dúvidas sobre o que a técnica pode revelar sobre o

Por que (re)ler Memórias de um sargento de milícias?

     Você provavelmente já leu este livro nos tempos da escola e, certamente, porque o professor de português pediu, ameaçando cobrar o conteúdo na prova de literatura. Talvez como eu e outras inúmeras vítimas envergonhadas você tenha realmente gostado da leitura, mas também só desta, guardando segredo sobre essa simpatia restrita às aventuras de Leonardo ao lado de um tédio irremediável com relação a índias com lábios de mel, a senhoras com dilemas amorosos etc.      Por muito tempo eu me culpei de ignorância e espírito bruto. Se eu não apreciava de coração boa parte daqueles romances clássicos, tão elogiados e por tanta gente, o problema devia estar em mim, certamente. Mas já se passaram alguns anos e, como diz uma conhecida minha, acho que melhorei um bocado. Ganhei experiência e dei alguns passos na árdua missão de me desasnar. Ainda assim, não parece que a leitura de José de Alencar, por exemplo, tenha ficado mais interessante para mim.       O problema não é só o vocabulário

Por que ler "As quinze primeiras vidas de Harry August", de Clair North?

     Harry August está a beira da morte quando uma criança se aproxima de sua cama e lhe diz: "O mundo está acabando." Ele responde sem perturbação: "Ora, ele está sempre acabando." Ao que a menina corrige, com ar grave: "Mas está acabando cada vez mais cedo." Esse diálogo tão estranho ganha uma explicação logo no início da narrativa: Harry, a criança e muitos outros não morrem simplesmente, mas retornam com a memória intacta ao ponto de partida, o dia de seus respectivos nascimentos, na longa linha histórica que vai desde a mais remota Antiguidade até certo dia no futuro. Assim, eles se lembram das vidas de outras vezes e sabem sobre os grandes eventos por vir, enquanto o restante da população, composto de "lineares", não se recorda e experimenta tudo como se fosse a primeira vez. Mas nem tudo está determinado. Se Harry quiser, pode reunir as condições necessárias para influenciar os grandes eventos e, desse modo, mudar o rumo da história. Mas

Por que assistir a "O destino de uma nação", sobre Wilston Churchill?

     O filme "Darkest Hour", do diretor Joe Wright e baseado no livro homônimo do escritor Anthony McCarten, apresenta um momento decisivo da vida de Wilston Churchill, quando o Reino Unido entra na Segunda Guerra, contra os regimes totalitários da Itália e da Alemanha, e o homem assume o cargo de primeiro ministro. O ocupante anterior desse cargo, pertencente ao partido conservador, é levado à renúncia por pressão da oposição progressista, que o acusa de falhas desastrosas e, por isso, recusa-se a formar coalizão com os adversários políticos naquele momento crítico. O nome de Churchill parece ser o único aceitável, embora também este tivesse na conta decisões políticas que resultaram em tragédia. Por que ele, então?      O caminho explorado pelo roteiro foi mostrar que, entre as vozes políticas, Churchill era o mais assertivo em combater os regimes totalitários (o nazista, principalmente) e em proteger a soberania inglesa, bem como sua sociedade, seus valores, seus princí

Por que ler "A sábia ingenuidade de Dr. João Pinto Grande", de Yuri Vieira?

     Este livro provocará risos, lágrimas, medo, ira, serenidade, saudades. Como todas as boas leituras, abrirá caminhos na inteligência para compreendermos melhor nossa humanidade; dará forma a vivências cotidianas, expressando-as com linguagem clara, próxima de nossa sensibilidade e sem negligenciar a norma culta — o que é nosso dever notar e elogiar nestes dias, já que são características raras nas publicações nacionais e, infelizmente, são cada vez mais sacrificadas nos altares do "preconceito linguístico" e da obsessão com o português falado.      Posso, inclusive, imaginar Doutor Pinto Grande a discorrer sobre esse tema, assim como faz com outras bandeiras ideológicas que certos intelectuais trabalham para tornar lugares comuns, sem espaço para o que realmente aflige os brasileiros. Com seu humor adulto, no sentido de ser maduro, Doutor Pinto desarma o drama histérico dos vitimistas e ressentidos, enquanto revela paciência diante dos aspectos trágicos da vida, mostra