Nós aprendemos desde crianças a buscar espontaneidade. A certa altura da nossa formação, dizem-nos que, para sermos sinceros, precisamos expressar espontaneamente o que sentimos e que, sendo as restrições e os limites da ação a nós impostos pelos outros (a sociedade), as normas obstaculizam nossa expressão e, se seguidas por obediência, elas nos lançam à hipocrisia e privam-nos da autonomia. Esse ensinamento contrapõe espontaneidade a obediência, expressão dos sentimentos a normas, sinceridade a hipocrisia. Por ele dizemos que as normas aceitas de fora dissociam as nossas ações dos nossos desejos e, por essa razão, dissociam-nas de nós mesmos. Como os desejos parecem surgir espontaneamente, assim como os sentimentos de alegria, tristeza, dor e gozo, concluímos que eles são a sede da liberdade e o que melhor expressa «quem somos». Deixar de agir segundo os próprios desejos e sentimentos parece o mesmo que trair nossa identidade e desconectar-se de si mesmo, parece também que nós