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O "hoje" da filosofia e da história da filosofia

Conferência apresentada no II Encontro de Pós-Graduação em Filosofia, na UNICAMP, no dia 14 de novembro de 2019. O tema era "Por que filosofia hoje?". 


Bom dia aos colegas.
Agradeço aos organizadores do II Encontro da Pós-Graduação da Filosofia da Unicamp e a Capes pela oportunidade de estar aqui com vocês, nesta manhã, e poder refletir sobre a pergunta “Por que filosofia hoje?”.

Se a questão é para outros ou para mim.

Em uma primeira leitura, focada no contexto social e político brasileiro, a pergunta nos dirige a dar razões para defender a pesquisa acadêmica em Filosofia, na universidade pública e com financiamento do Estado. Em princípio, procuraríamos pelos benefícios sociais da pesquisa acadêmica com financiamento estatal para o Brasil deste século, mas, na prática, qualquer justificativa nos serviria desde que nos mobilizasse a agir para a manutenção das nossas atividades ou que de um jeito ou de outro compelisse as autoridades a mantê-las. Pensaríamos muito para continuar fazendo o que já fazemos ou para mostrar a outros por que somos necessários à composição da sociedade brasileira.
Porém, após convencer a tantos outros, como ficaremos nós diante da pergunta? Que resposta daremos a nós mesmos, que nos convença, pessoalmente, sobre o porquê da filosofia hoje? Pensemos atentamente na forma da pergunta. Se alguém nos abordasse, indagando-nos a respeito da contagem das conchas da praia, “por que contá-las hoje?”, provavelmente todos responderíamos que não há razão nenhuma para fazer isso. Simplesmente, não é parte da nossa vida, nem temos necessidade de saber quantas conchas estão na praia ou no lugar que for. Contudo, se o mesmo sujeito nos perguntasse “por que comer hoje?”, prontamente diríamos algo como: pois nós sentimos fome, e nosso corpo precisa de nutrientes; até podemos deixar de comer por algum tempo, mas, se ficarmos sem nos alimentar, acabaremos doentes e até mortos. Isso é tão óbvio que a própria pergunta soaria extravagante e descabida.
Essas perguntas, por estranhas que sejam, nos chamam a atenção para um fato intrigante. Nós não questionamos o porquê das coisas que não fazem parte da nossa vida, nem daquelas que consideramos óbvias, como uma necessidade para qualquer pessoa. Não questionamos o “por que hoje?” sobre as atividades que se impõem por necessidade, nem sobre aquelas atividades habituais, cujo valor compartilhamos com a comunidade e cujas razões sempre são reforçadas pelos outros. De fato, perguntamos “por que isto hoje?” quando “isto” se torna custoso e desgastante e já não nos lembramos das razões da sua importância, do porquê de fazermos tanto esforço para manter “isto” como parte da nossa vida.
Então temos de examinar, nós mesmos, a nossa atividade e nos recordar do seu porquê se é que nós e os membros da sociedade estamos questionando “por que filosofia hoje?”. Responderemos, primeiro, a nós mesmos e, potencialmente, para qualquer pessoa que se encontre diante dessa pergunta. Pois o “hoje” da pergunta não é impessoal e eterno. Quando fazemos a pergunta “para outros”, o “hoje” é da sociedade brasileira, ou do governo, ou da universidade, ou do departamento de filosofia. Mas, quando fazemos a pergunta “para nós”, o “hoje” significa a nossa presença: eu e cada um de nós, agora presentes, diante da filosofia, quando tentamos nos recordar das razões por que estamos nos dedicando a essa atividade.        

Se a filosofia é necessária para mim.  

Um tal exame é, portanto, de cada pessoa e, neste momento, posso apenas partilhar o exame que faço, na esperança de que nossos exames se toquem em algum ponto e, desse modo, compartilhemos algumas vivências. Começo por examinar se a filosofia é uma necessidade para mim. Pois bem, por um lado, meu corpo não reclama de nenhuma sede, fome ou falta de filosofia. Após alguns minutos de leitura e de reflexão até posso sentir sono e desejar uma xícara de café, mas, pensando bem, nenhum instinto de sobrevivência me impele à filosofia. Minha psique e minhas emoções também não mostram ter necessidade particular dessa atividade intelectual. Admito que já encontrei ajuda em textos de filosofia para passar por crises emocionais, mas semelhante ajuda obtive mais vezes, e mais eficazmente, nas obras de arte, nos cultos religiosos e nas consultas ao psicólogo. Minha inteligência, no que ela tem de racional e metódico, tem algumas dúvidas e solicita respostas e explicações, porém confesso que em matéria de resposta a filosofia não é de muita ajuda. As ciências positivas fazem um trabalho com mais resultados, nesse sentido.
Então, por que filosofia para mim? Porque é uma profissão disponível com um mercado de trabalho promissor? Porque minha família ou algum poder social me obriga? Porque ela me dá algum prestígio ou me faz parecer culto e inteligente? Mesmo se todas essas razões fossem verdadeiras, eu ainda não me daria por convencido. Bastaria um emprego melhor, outra força obrigante, outra moda ou promessa de ascensão social, que eu deixaria a filosofia. Será que a filosofia nada tem de seu que possa importar para mim? Ela não me é necessária, pois nada em mim necessita dela, de modo que eu poderia viver bem e feliz sem nunca precisar ter contato com ela. Mas e se, em vez de uma necessidade, a filosofia for uma possibilidade? Uma possibilidade que, fazendo parte da minha vida, produza uma diferença que nenhuma outra atividade possa produzir?

Se a filosofia é uma possibilidade para mim.

Com efeito, a filosofia foi para mim, primeiramente, a notícia de uma formação na qual eu não precisaria abdicar de uma ciência para me especializar em outra, pois eu sempre poderia estudar qualquer ciência. Era a possibilidade de um conhecimento que capturava a articulação de todos os conhecimentos e, no final, mostrava a ordem racional do todo no qual eu próprio existo e me movo, entre outros seres que existem e se movem. Mas, ao seguir os rumores dessa notícia, dei-me conta de que, até aquele momento, eu estava perdido e desorientado em meio aos infinitos fragmentos de saber, entre experiências, símbolos, argumentos e testemunhos. Notei que eu tomava decisões baseando-me em princípios mal formulados ou muito parciais e que eu tomava por óbvio o mundo onde existo e me movo, embora ele se revelasse mais complexo à medida que eu prosseguia com os estudos.  Notei que eu próprio, como parte desse mundo, não era tão familiar para mim mesmo.

A notícia da filosofia e as possibilidades do conhecimento ligadas às possibilidades da existência e da vida.

A constatação dessas confusões e obscuridades começou com a possibilidade da filosofia. Não é à toa, então, que eu não sentisse necessidade da filosofia para nada, antes de familiarizar-me com ela e que, com os anos de estudo filosófico, visse possibilidades que eu antes ignorava e que hoje abrem para mim caminhos de conhecimento. Uma particularidade dessa abertura da inteligência para as possibilidades do conhecimento é que ela se sustenta e se amplia no diálogo com os filósofos predecessores. No curso das suas vidas, eles desbravaram vários caminhos de conhecimento, enfrentando o aparente caos das infinitas possibilidades, e deixaram para nós mapas, que habitualmente chamamos de sistemas filosóficos, mas que, em essência, são o registro das suas “pegadas intelectuais” e a comunicação para nós da sua luta pessoal com as infinitas possibilidades do conhecimento, apresentadas em conexão com as possibilidades da sua vida.
Graças à transmissão dessa atividade, à sua comunicação conosco, eu e vocês fomos introduzidos à possibilidade de encontrar uma ordem ou uma orientação no infinito epistêmico por meio da nossa inteligência, usando nossa própria voz. Não precisamos nos limitar às ciências positivas, respondendo a perguntas e provando teorias, mas podemos, com a filosofia, criar perguntas e lidar com as infinitas possibilidades, buscando reintegrá-las num quadro harmônico de investigação sobre toda e qualquer coisa. De fato, para mim, após a filosofia, não era mais suficiente ter respostas às minhas perguntas. Eu precisava conviver com as dúvidas, e as respostas, se alguma eu encontrasse, deveriam “ter um sentido” para mim, teriam de articular-se com as possibilidades de conhecimento e vida que constato em minha história bem como com as outras possibilidades encontradas pelas outras inúmeras vozes humanas, de tempos imemoriais até os dias que virão.

O começo de um diálogo de muitas vozes no qual eu me inseri por intermédio de professores e em uma comunidade de estudiosos.

Ao recordar-me da filosofia, do modo como ela chegou a mim, não posso evitar de considerar a descrição da filosofia como uma atividade espontânea da razão, como se qualquer pessoa pudesse filosofar, bastando começar a raciocinar. Parece-me um equívoco muito grande. Como testemunhei, só conheci a possibilidade da filosofia quando fui apresentado a ela, e acredito que foi assim com todos, aqui presentes. E como toda atividade transmitida, de uma geração para outra, a filosofia foi um achado, uma atividade descoberta por alguém ou por um grupo de pessoas em algum instante remoto do passado. Essa atividade foi transmitida de uma pessoa para outra, como de Sócrates para Platão, de Platão para Aristóteles e assim sucessivamente e, em cada pessoa, ela modificou-se ao ser incorporada às suas vozes e possibilidades de vida.
Na Unicamp, nós assimilamos essa atividade de algum modo, por meio dos professores e de alguma das várias tradições e escolas de pensamento. A possibilidade da filosofia recebida em nós está se modificando com a nossa história pessoal, com a nossa luta contra a caótica das infinitas possibilidades de conhecimento, junto com a continuidade do nosso diálogo com os colegas, os professores e os filósofos que nos deixaram o registro de suas próprias lutas. Isso é tão verdadeiro que qualquer um, se perguntado sobre filosofia, começará um diálogo com a pessoa que perguntou e trará para o diálogo as vozes dos outros que lidaram com pergunta semelhante. E quantas vozes foram esquecidas e deixadas pelo caminho? Quantas possibilidades de realizar esta atividade que estamos deixando de considerar?
Mas atrevo-me a dizer aos colegas que, ao nos preocuparmos com os rituais da pesquisa acadêmica, estamos nos esquecendo das nossas próprias vozes. Ou não será verdade que de tão preocupados com reconstruir o método e a doutrina dos filósofos-autores habituamo-nos a escrever textos e relatórios apagando os vestígios da nossa luta com as possibilidades do conhecimento? É imprescindível trazermos para a “análise estrutural” as consequências do nosso presente exame. A interpretação é uma “reconstrução racional”, no sentido de que as letras no papel são vestígios de uma operação intelectual, pelos quais o intérprete procura refazer essa operação e, depois, comunicá-la a outros. Aquela operação intelectual aconteceu em outra pessoa, o filósofo-autor, em outro tempo, outro lugar, não raro em outra língua. Outra operação acontece em nós, filósofos-leitores, hoje, aqui, em nosso idioma.
É verdade que a interpretação implicada na “análise estrutural” é limitada. A simples leitura não basta para conhecer filosofia, nem para filosofar, uma vez que, terminado o texto, acaba a orientação do pensamento. Por isso é possível ser um erudito, que guarda na memória diversos métodos e doutrinas e que, de vez em quando, os emprega para fortalecer um discurso. Mas a leitura só permanece uma erudição quando falta diálogo entre a voz do filósofo-leitor e a voz do filósofo-autor e, também, quando temos medo de desbravar, por nós mesmos, as possibilidades do conhecimento que estão em nossa vida e nas vidas humanas. Se quisermos ser filósofos-autores, nós mesmos, não podemos nos limitar a entender o que dizem os filósofos, mas precisamos ter a coragem de enfrentar os caminhos de conhecimento que percorreram, reintegrar suas possibilidades à vida e ir além das fronteiras já conquistadas.
Não é demais reiterar que a voz do filósofo-autor encontrou um caminho entre as possibilidades do conhecimento e deixou vestígios da sua aventura para nós, mas a sua voz se foi, morreu, não está mais operante. Nós, como filósofos-leitores, emprestamos a nossa voz para que os sinais do passado readquiram significado e, desse modo, as vozes dos antigos filósofos possam se comunicar conosco e com a nossa geração, nosso tempo, nossa cultura. Mas não deixemos que esse trabalho, importantíssimo para o estudo de filosofia, acabe silenciando a nossa própria voz. Amadureceremos na filosofia quanto mais a recuperarmos, e a reintegrarmos, à nossa voz e mais a alimentarmos com a nossa própria história.        

Se a filosofia é uma possibilidade para outros.

Com a recordação da possibilidade da filosofia, e de volta ao meu contexto, “minha pesquisa acadêmica na Unicamp e com bolsa da Capes”, vejo que essa possibilidade se reatualiza no curso da minha atividade, quanto mais assimilo e reintegro a história da filosofia à minha história e faço da luta pelo conhecimento das vozes filosóficas a minha luta, em cada “hoje”. Não apenas isso. Essa possibilidade da filosofia se torna atual quando transmito essa atividade a outros e reincorporo as muitas vozes da filosofia e ponha-as para dialogar com as vozes com as quais convivo, as vozes dos brasileiros, de hoje. Se a filosofia é uma possibilidade encontrada, que depende da transmissão e da integração às vidas humanas, ela também será uma possibilidade perdida se nós nos fecharmos em grupos que a tratam como uma curiosidade ou um conhecimento especializado, sem qualquer impacto sobre quem a escutar.

A minha voz em diálogo com as vozes de hoje, nos espaços de encontro entre nós.

A universidade é um lugar onde filósofos podem se reunir, e a pesquisa acadêmica é um molde pelo qual a filosofia pode ser transmitida e cultivada, porém elas são um lugar e um molde pequenos demais para o potencial filosófico. Hoje temos a internet como o principal espaço de convivência e diálogo. Vemos também a crescente oferta e procura de palestras sobre filosofia nos espaços de mídia e das empresas, de cursos on-line, de fóruns virtuais de debate, de publicações que põem a filosofia para falar com a população a respeito das suas vivências e dúvidas. E não vemos no convívio familiar, nos ambientes de trabalho, nos passeios com os amigos, o interesse das pessoas pela filosofia? Por vezes, nós nos esforçamos demais para mostrar que a filosofia é uma coisa séria e gastamos muita energia para denunciar os charlatães. Mas, agindo assim, não estamos tentando, em vão, impedir que a filosofia se modifique e seja outra possibilidade de conhecimento para outras pessoas? E não estamos perdendo a chance de convidar as pessoas da nossa convivência a ir além daquela possibilidade que já conhecem? Na universidade, a filosofia se modificou para ser uma pesquisa acadêmica, com aulas, comunicações, relatórios e artigos, mas ela não se reduz a isso. Gostemos ou não, há “coaches” que apresentam a filosofia como uma fonte de conselhos para as pessoas serem produtivas, bem-sucedidas e mais flexíveis para agir no mundo competitivo do trabalho. Também há terapeutas que se dirigem a pessoas em crise emocional e propõem-lhes o diálogo com alguns filósofos, para encontrarem razões para viver ou justificativas para lidar com o sofrimento. Eu conheço pessoas nessa condição que se sentiam sozinhas e incompreendidas, que procuraram a filosofia a fim de encontrar outros que entendessem seu sofrimento e falassem sobre ele, situando-o nos inúmeros problemas da vida. A motivação dessas pessoas era psicológica e, depois de receber a ajuda desejada, elas não quiseram se dedicar à filosofia. Contudo, só por participar temporariamente do diálogo filosófico, elas se viram desafiadas a sair das suas fronteiras e encontraram uma possibilidade que antes lhes estava oculta, uma possibilidade que se integrou às suas vidas e que as ajudou a seguir em frente com suas histórias.   
E o que eu, como pesquisador de filosofia, tenho para dialogar com meus colegas e com as pessoas reunidas fora dos muros da universidade? Quais são os outros lugares onde posso estar para transmitir a possibilidade da filosofia e para formar uma comunidade de estudiosos e dialogantes? Bem, eu pesquiso sobre história da filosofia e, em minhas publicações, discuto questões de cosmologia antiga e de metafísica escolástica. Por um tempo, confesso, julguei que esses temas jamais interessariam a alguém de fora do ambiente acadêmico, nem fariam a menor diferença na minha vida ou na de qualquer pessoa. Contudo, durante os anos do doutorado, iniciado em 2016, tive muitas chances de conversar sobre minha pesquisa com diferentes públicos, em congressos e seminários, eventos culturais diversos, cafés na padaria e almoços no fim-de-semana. Cada um tirou um proveito diferente dessas conversas, vendo uma possibilidade de conhecimento que antes lhe parecia interditada ou para a qual lhe faltavam as palavras, uma forma de expressão. Naquelas conversas, naqueles vários espaços de convivência, exerci minha luta com o infinito epistêmico em diálogo com as vozes do passado e com aquelas vivas, diante de mim. Eu compartilhei a minha luta com outras pessoas, e elas compartilharam a sua comigo. Inclusive, por causa desse compartilhamento, eu me vi desafiado a considerar possibilidades e encarar novos trajetos de conhecimento, que me foram apresentados pelos supostos leigos em filosofia – que até podiam não ter o mesmo treinamento que eu, mas que eram sujeitos de conhecimento, como eu, e confrontavam em sua história algumas possibilidades que não confronto na minha.
Então, a filosofia, que não era necessária e não servia para nada, tornou-se uma possibilidade de conhecimento e algo significativo para aquelas pessoas, também. Provavelmente, elas darão outras respostas à nossa pergunta, “por que filosofia hoje?”, mas, após encontrarem a possibilidade da filosofia, elas saberão dizer um porquê, pelo menos, já que a filosofia se tornou presente na vida delas e fez alguma diferença. Mas, a meu ver, o maior benefício para elas é que saíram da limitação do seu “hoje”, reinserindo-o no diálogo multissecular com as muitas vozes da filosofia.
Obrigado pela atenção de todos, pela sua disposição de ouvir a minha voz, de me acompanhar neste breve caminho no mapa do conhecimento.

Matheus Henrique Gomes Monteiro
Campinas, 14 de novembro de 2019

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