por Luís Vaz de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
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Coisas a se pensar sem culpa.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
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Este é um poema que, penso, tem muito a dizer. É fato que as coisas mudam, na natureza, na cultura, na vida contidiana. Também é fato que registramos, na memória, muitas dessas mudanças - e diria que, das coisas más, não só mágoas - como supôs Camões -, mas, pela perversão do homem, até mesmo um certo prazer contido e silencioso, ou mesmo um sentimento vivo de vingança e crueldade. Mas, em uma coisa concordo com o poeta, que dentre todas as mudanças, a que mais causa espanto é justamente a passagem de uma grande disposição de tudo mudar para uma profunda indisposição de mudar aquilo que é preciso. Mudam-se futilidades, mas, coisas que fariam toda diferença, que poderiam nos levar para uma vida melhor, essas são mantidas intactas pelo homem.
Coisas a se pensar sem culpa.
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